O que é ROTAER (Publicação Auxiliar de Rotas Aéreas)? 

Para que um voo aconteça, seja ele longo ou curto, é preciso que seja feito todo um planejamento antes para saber informações do tipo: frequências a serem usadas durante a navegação, previsão meteorológica, e elevação dos aeródromos de partida, destino, e de alternativa.

Para isso foi criado o ROTAER (Publicação Auxiliar de Rotas Aéreas), que tem como objetivo apresentar as informações características de um aeroporto ou aeródromo para o planejamento de um voo nacional, sendo elas diretas que para que sejam rápidas de serem interpretadas.  

Todas as informações aeronáuticas apresentadas no ROTAER são fornecidas pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) junto com a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) e as mesmas não são alteradas com frequência,, apenas em casos de mudanças significativas no aeródromo. 

Qual a importância do ROTAER para o planejamento de um voo? 

Um bom planejamento de voo é aquele onde se tem todas as referências que são necessárias não só para a operação normal, mas que também possua dados de aeródromos próximos para caso haja imprevistos. Por esse motivo, o piloto responsável por um voo sempre deve consultar o ROTAER, AIP e o NOTAM antes da decolagem, seja o voo com regras visuais ou regras por instrumentos. 

Antigamente, se alguém quisesse consultar a informação sobre algum aeródromo era preciso obter as versões impressas do ROTAER, que eram disponibilizados pelo DECEA. Porém, se houvesse alguma alteração nos dados precisava esperar até 56 dias para que a ANAC solicitasse as informações, e que as mesmas estivessem disponíveis publicamente.  

Mas em 2017 a Força Aérea Brasileira (FAB) anunciou que entraria em vigor o ROTAER Digital, facilitando o acesso do público e em caso de alteração nos dados do local, o resultado sairia apenas em algumas horas depois. 

Como este artigo sobre ROTAER está estruturado

Como procurar um aeroporto ou aeródromo no ROTAER? 

Como forma rápida e prática de acessar as informações digitais sobre o ROTAER, os aviadores utilizam o site AISWEB, que é o site oficial de informações aeronáuticas brasileiras onde há todos os dados que serão usados para o planejamento de um voo. 

Para acessar o ROTAER, basta ir a página principal do AISWEB e clicar na opção abaixo contornada de vermelho.

pagina principal do aisweb para acessar o rotaer

Logo, aparecerá a página de busca ROTAER- Aeródromos para o preenchimento dos campos:

campos em branco para preencher em busca do rotaer

Para facilitar na visualização do preenchimento dos campos, iremos explicar cada campo utilizando como exemplo o Aeroporto de Guarulhos – Governador André Franco Montoro (SBGR), localizado na cidade de São Paulo – SP.

O que preencher em cada campo do ROTAER – Aeródromos?

D-AMDT

De uma forma simplificada, pode se dizer que D-AMDT (Amendment) é a uma emenda a Publicação de Informação Aeronáutica (AIP), ou seja, a data da última modificação que ocorreu naquele ROTAER.

Essas informações geralmente não têm variação temporária e alguns aeródromos podem levar anos para ter seus dados alterados novamente. No site, é possível visualizar tanto a emenda antiga, quando a nova para compará-las para ver o que foi mudado.

A ultima emenda do nosso exemplo de Guarulhos foi no dia 08/04/2021. Mas este campo não é obrigatório ser preenchido e para facilitar, iremos deixar o campo na opção “Todos”.

Tipo

Para um aeródromo ser homologado, um dos requisitos é ter o seu tipo de operação de acordo com as aeronaves que irão pousar e decolar (aviões ou helicópteros) no mesmo, seja em solo ou em água. Neste campo você deverá preencher de acordo com o tipo de operação que o local faz, nele irá aparecer quatro opções para escolha: Todos; AD; HP; HD.

  • AD: aeródromos
  • HP: helipontos
  • HD: helidecks (helipontos localizados em uma estrutura sob a água.)
  • Todos: aparecerá nos resultados todos os três tipos de locais acima.

Como estamos procurando pelo Aeroporto de Guarulhos, iremos preencher como AD, pois ele é preferencial para aviões.

tipo do aeródromo rotaer

FIR

A FIR (Região de Informação de Voo) é o espaço aéreo onde é prestado o Serviço de Informação de Voo (FIS) e o de Alerta. Para o preenchimento deste campo, é preciso saber em qual FIR está localizado o aeródromo que deseja encontrar. No Brasil existem quatro Regiões de Informação de Voo nos continentes e uma no atlântico, sendo elas:

  • FIR Amazônica – SBAZ
  • FIR Recife – SBRE
  • FIR Brasília – SBBS
  • FIR Curitiba – SBCW
  • FIR Atlântico – SBAO

O Aeroporto de Guarulhos está localizado na FIR Curitiba, com isso, nosso campo será preenchido com SBCW:

Operação

Cada aeródromo tem a sua respectiva homologação em relação as regras de voo. Com isso, o campo “Operação” deve ser preenchido de acordo com o tipo de operação do AD a ser procurado. As operações dos aeródromos são divididas em:

  • VFR IFR – Operação VFR DIURNA e NOTURNA e IFR DIURNA e NOTURNA;
  • IFR – Operação VFR DIURNA e IFR DIURNA e NOTURNA;
  • IFR DIURNA – Operação VFR DIURNA e IFR DIURNA.
  • VFR IFR DIURNA – Operação VFR DIURNA e NOTURNA e IFR DIURNA; e
  • VFR – Operação VFR DIURNA e NOTURNA.

O aeroporto de Guarulhos é homologado para operar em todos os tipos. Então, em nosso exemplo podemos usar a opção VFR/IFR ou “Todos”.

Códigos ICAO

O Código ICAO é uma sigla de quatro letras definida pela Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) para identificar aeroportos de todo o mundo.

No Brasil, os Aeródromos providos de órgão ATS (Serviço de Tráfego Aéreo) tem seus indicativos iniciados com as letras SB. Já os que não possuem o Serviço Fixo Aeronáutico são designados pelas iniciais SD, SI, SJ, SN ou SW.

O aeroporto de Guarulhos que está sendo usado em nosso exemplo, tem seu código ICAO definido como SBGR, por isso esta será a sigla que iremos ocupar este campo.

CIAD

O CIAD, ou Código de Identificação do Aeródromo, é um código que a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) definiu para cada aeródromo, com o objetivo de uma fácil e única identificação para estes.

A sigla do CIAD é representada no formato de duas letras e quatro números (XX0000), sendo que caracteres representam a unidade da federação onde o aeródromo é localizado e os dígitos são concedidos de forma sequencial.

O Código de Identificação do Aeródromo do Aeroporto de Guarulhos é SP0002, então iremos preencher este campo com o mesmo.

Nome do Aeródromo

O Nome de um Aeródromo na maioria das vezes é para homenagear alguma pessoa que teve uma grande importância na cidade onde o AD está localizado. Por exemplo, o Aeroporto de Guarulhos – Governador André Franco Montoro, teve este nome em homenagem ao ex Governador Franco Montoro, que foi um dos fundadores do PSDB e esteve no meio político durante muitos anos.

Neste campo, deve se preencher e espaço com o nome do Aeródromo, ou parte do nome.

Cidade e UF

Estes campos são os mais simples, no campo “Cidade” basta apenas preencher com o nome da cidade em que o aeródromo está localizado. E no campo “UF”, é a Unidade Federativa a qual aquele AD pertence.

Estes campos não são de preenchimento obrigatório, então caso seja um local fora da cidade poderá deixar este em branco, desde que o campo do Código ICAO e os demais estejam ocupados corretamente a fim de que seja possível encontrar o AD procurado.

Como foi dito anteriormente, SBGR está localizado na cidade de São Paulo, e sua Unidade Federativa é SP.

Jurisdição

O Brasil, é divido em quatro CINDACTA’s,(Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo) que são órgãos responsáveis pelos serviços de Meterologia Aeronáutica; Gerenciamento de Tráfego Aéreo, Defesa Aérea; Informações Aeronáuticas; Telecomunicações Aeronáuticas e Busca e Salvamento.

Cada lugar do país está localizado em seu respectivo CINDACTA, exceto as terminais de São Paulo e Rio de Janeiro, que apesar de ser uma área menor, tem maior volume de tráfego aéreo e por esse motivo são de responsabilidade do SRPV-SP (Serviço Regional de Proteção ao Voo de São Paulo).

Para o preenchimento deste campo, deve-se saber em qual CINDACTA está localizado o AD requerido. Como foi dito anteriormente, São Paulo é de jurisdição do SRPV-SP, consequentemente este campo será preenchido com o mesmo.

Utilização

Para a construção e homologação de um aeródromo público ou privado, ele precisa cumprir o que é previsto nas leis em vigor em relação as especificações técnicas. As categorias existentes são:

  • MIL – Militar: aeródromo destinado, a princípio, ao uso de aeronaves militares.
  • PRIV – Privado: aeródromo civil, construído em área de propriedade privada, para uso de seu proprietário, cuja exploração comercial é vedada, só podendo ser utilizado com sua permissão.
  • PRIV/PUB – Aeródromo privado aberto ao tráfego público.
  • PUB – Público: aeródromo civil, destinado ao tráfego de aeronaves em geral.
  • PUB/MIL – Aeródromo público que possui instalações militares do Comando da Aeronáutica.
  • PUB/REST – Público Restrito: aeródromo civil, construído em área de propriedade pública, de uso reservado ao órgão público que o tem sob sua jurisdição, cuja exploração comercial é vedada, só podendo ser utilizado com autorização do respectivo órgão público.

O AD de Guarulhos é de classificação pública que possui instalações militares do Comando da Aeronáutica. Com isso, iremos preencher o campo Utilização com as siglas PUB/MIL.

Superfície da pista

A superfície da pista é basicamente o tipo de pavimento que a pista do Aeródromo ou Heliponto é feita. No ROTAER são representadas por uma sigla composta por letras e o tipo mais comum principalmente em Aeroportos grandes, é o asfalto. Mas podem ser:

  • AÇO – Aço
  • ARE – Areia
  • ARG – Argila
  • ASPH – Asfalto ou Conc. Asfáltico
  • BAR – Barro
  • TIJ – Tijolo
  • CIN – Cinza
  • CONC – Concreto
  • GRASS – Grama
  • GRVL – Cascalho
  • MAC – Macadame
  • MAD – Madeira
  • MTAL – Metálico
  • PAR – Paralelepípedo
  • PIÇ – Piçarra
  • SAI – Saibro
  • SIL – Sílica
  • TER – Terra

Como a superfície da pista do Aeroporto de Guarulhos é feita de asfalto, iremos preencher o campo com Asfalto.

Comprimento da pista

Por questões de segurança de voo e organização, um aeródromo precisa ter registrado o tamanho do comprimento de sua pista, pois há aeronaves que não conseguem pousar ou decolar se tal não tiver o tamanho adequado para as mesmas. O comprimento das pistas no ROTAER serão dadas sempre em metros. Este campo não é obrigatório pelo site ser preenchido durante a procura de um aeródromo.

O Aeroporto de Guarulhos possui duas pistas, sendo uma com 3000 metros e outra com 3700 metros. Então iremos selecionar a opção “Maior”, e ao lado preencher com 3000 metros.

A imagem abaixo apresenta todos os campos acima preenchidos na página ROTAER – Aeródromos com os dados de SBGR. Em seguida, basta clicar em “procurar” e irá aparecer o AD procurado nos resultados da busca.

pagina para procura de um AD preenchida

Como interpretar o ROTAER?

Como foi dito anteriormente, grande parte do ROTAER é composta por abreviaturas para tornar a leitura mais rápida e prática. Todas as definições são encontradas no próprio site da AISWEB na página de Abreviaturas.

Para a melhor compreensão deste texto, serão apresentados os significados apenas das siglas que fazem parte do ROTAER do Aeroporto de Guarulhos – SBGR.

Estes são os primeiros dados que aparecem na página do ROTAER: o nome do Aeroporto; seu código ICAO; e a cidade onde está localizado.

Na parte superior direita está a emenda vigente (D-AMDT), ou seja, sua última modificação foi em 2021. Ao lado, em azul claro, se clicando é possível visualizar as mudanças que ocorreram em comparação a emenda anterior.

Logo abaixo do D-AMDT estão as coordenadas geográficas do aeroporto selecionado.

Interpretação:

Nome do Aeroporto: Guarulhos – Governador André Franco Montoro
Código ICAO: SBGR
Localização: São Paulo – SP
Ultima modificação: 2021
Coordenadas geográficas: 23° 26” 08′ sul e 046° 28” 23′ oeste.

Informações sobre SBGR

No ROTAER, logo abaixo do nome do aeroporto há informações importantes sobre o aeródromo, é preciso observar bem esta parte pois por exemplo, se a utilização do AD for apenas militar, é proibido que aeronaves civis pousem se estiverem desprovidos de autorização. Observando a numeração em vermelho da imagem, são elas:

  1. Tipo de aeródromo
  2. Categoria
  3. Utilização
  4. Administrador
  5. Distância e direção do aeródromo em relação a cidade
  6. Fuso horário
  7. Tipo de operação
  8. Luzes
  • INTL – Internacional: aeródromo usado obrigatoriamente por aeronaves civis nacionais e estrangeiras, como primeira escala por ocasião da entrada e como última por ocasião da saída do território brasileiro.
  • PUB/MIL – Aeródromo público que possui instalações militares do Comando da Aeronáutica.
  • VFR IFR – Operação VFR DIURNA e NOTURNA e IFR DIURNA e NOTURNA;
  • L21 – Farol rotativo de aeródromo.
  • L23 – Luzes de obstáculo.
  • L26 – Indicador de direção de vento iluminado.
  • L27 – Luzes de Barra de Parada.

Interpretação:

Tipo: aeródromo
Categoria do aeródromo: internacional
Utilização: aeródromo público que possui instalações militares do Comando da Aeronáutica.
Administrador: INFRAERO
Distância e direção do aeródromo em relação a cidade: 24km na direção Nordeste.
Fuso horário: três horas a menos do que o horário UTC
Tipo de operação: VFR DIURNA e NOTURNA e IFR DIURNA e NOTURNA
Luzes: AD com farol rotativo de aeródromo; luzes de obstáculo; indicador de direção de vento iluminado; e luzes de barra de parada.

Pista

Em um aeródromo, cada pista tem a sua numeração e esta será indicada por dois números de acordo com o seu rumo magnético. Se houver mais de uma pista no aeródromo, estas serão separadas pelas letras:

  • R – right (direita)
  • C – center (central)
  • L – left (esquerda)

Luzes da pista

As luzes da pista de um aeródromo são representadas pela letra L, e logo após um número que indica o seu tipo de iluminação. Em Guarulhos há os seguintes tipos:

Pistas de SBGR do ROTAER
  • L4 – ALSF-1 (ALS Categoria I, com flash).
  • L5 – ALSF-2 (ALS Categoria II, com flash).
  • L9 – PAPI (Sistema indicador de rampa de aproximação de precisão), com rampa normal de 3°. Quando diferente de 3°, o ângulo de rampa aparecerá entre parênteses, após a indicação L9.
  • L11A – Luzes de zona de contato de alta intensidade.
  • L12A – Luzes de cabeceira de alta intensidade (verde no início e vermelha no fim da pista).
  • L14A – Luzes ao longo das laterais da pista de alta intensidade, de 60 em 60 metros.
  • L15 – Luzes (azuis) de pista de táxi, indicando sua trajetória.
  • L19A – Luzes de eixo de pista de alta intensidade.
  • L20 – Luzes de eixo-de-pista-de-táxi para saída à grande velocidade.

Interpretação do ROTAER nas luzes da pista de Guarulhos:

Pista 09 da direita (09R): possui as iluminações do tipo L5, L9, L11A e L12A.
Pista 27 da esquerda (27L): possui as iluminações do tipo L4, L9 e L12A.
Pista 09 da esquerda (09L): possui as iluminações do tipo L5, L9 (com 2.97 graus de rampa), L11A e L12A.
Pista 27 da direita (27R): possui as iluminações do tipo L4, L9 e L12A.

O que é ACN e PCN?

A resistência do piso dos aeródromos para aeronaves com peso maior que 5.700 Kg (12.500lb) será dada pelo ACN e pelo PCN.

  •  ACN (Número de Classificação de Aeronaves): É um número que exprime o efeito relativo de uma aeronave sobre um pavimento, para determinada resistência.
  • PCN (Número de Classificação do Pavimento): É um número que indica a resistência de um pavimento para operações sem restrições.
PCN das pistas de Guarulhos

No caso do Aeroporto de Guarulhos, usa-se o PCN que é 77/F/B/W/T. Ele é localizado entre os parênteses, juntamente com as dimensões da pista, tipo de pavimento e luzes. Cada letra tem um significado:

  • Dimensões da pista- são dadas em metros no formato comprimento X largura.
  • ASPH- Asfalto ou Concreto Asfáltico.
  • F – flexível
  • B – resistência média
  • W – ilimitada (sem limite de pressão)
  • T – técnica: Consiste no estudo específico das características do pavimento e na aplicação da tecnologia do comportamento dos pavimentos.

Interpretação do exemplo de Guarulhos:  3000×45 ASPH 77/F/B/W/T L14A , L15 , [5] L19A , L20

Dimensões da pista: 3000 metros de comprimento e 45 metros de largura.
Tipo de pavimento: asfalto ou concreto asfáltico.
Resistência do piso: 77
Tipo de piso: flexível
Resistência do subleito: média
Pressão máxima dos pneus: sem limite de pressão
Método de avaliação: técnica
Tipos de iluminação da pista: L14A, L15, L19A, L20.

COM

O COM (comunicações) é a parte onde o piloto deve olhar para saber quais frequências deverá inserir em seu rádio durante a operação, desde antes de seu acionamento até o momento da parada dos motores. Em grandes aeroportos controlados mesmo em solo o piloto deve trocar as frequências de acordo com a posição que está, na ordem ATIS – Tráfego – Solo – Torre. Após a decolagem o comandante irá chamar o respectivo órgão APP ou ACC.

o que significa COM no rotaer

Interpretação:

Frequência da Torre de Guarulhos: 118.400; 121.500; 132.750 e 135.200. Observar os complementos número 4, 6 e 2.
Frequência do solo de Guarulhos: 121.700 e 126.900.
Frequência da parte operações de Guarulhos: 122.500.
Frequência do Tráfego Guarulhos: 121.000.
Frequência do ATIS: 127.750. Observar o complemento número 7.

RDONAV

Ao realizar um voo de regras por instrumentos (IFR), o piloto irá precisar de auxílios para se localizar e que a operação possa ser realizada de maneira segura, seja com procedimentos de precisão ou não precisão. O RDONAV, que são as Instalações de Radionavegação, é o campo onde se encontra esses auxíliosrádios de um aeródromo ou de uma Terminal (TMA).

Em cada linha há o tipo de auxílio (VOR, NDB ou DME), sua identificação, frequência e coordenadas. Caso o aeródromo possua ILS, a informação virá antes do auxíliorádio junto com a pista que será usada, a identificação e a frequência do localizador (LOC).

RDONAV da pagina do ROTAER de Guarulhos

Para melhor visualização, vamos interpretar as duas primeiras linhas do RDONAV do Aeroporto de Guarulhos

VOR/DME BCO [8] 116 2324.39S/04623.13W:

auxíliorádio: VOR/DME
identificador: BCO / observar complemento número 8
frequência: 116
coordenadas geográficas: 23°24″39′ sul / 046°23″13′ oeste

NDB (LO) IG 410 2327.73S/04634.40W:

auxíliorádio: NDB
identificador: IG
frequência: 410
coordenadas geográficas: 23° 27″ 73′ sul / 046° 34″ 40′ oeste

CMB

É de grande importância que haja combustível nos aeródromos em geral, principalmente nos que têm grande movimentação de aeronaves para facilitar e economizar tempo nas operações das mesmas. No ROTAER, o combustível é indicado pela sigla CMB, que indica se há combustível para a comercialização no aeródromo, e se existir, informa qual o seu tipo: PF ou TF.

  • PF – Combustível para aeronaves à explosão (gasolina tipo 100/130 octanas). Quando houver, também, gasolina com octanagem diferente de 100/130, esta será especificada entre parênteses.
  • TF – Combustível para aeronaves de motor à reação (querosene de aviação).
identificação do combustivel no rotaer de sbgr

No ROTAER de Guarulhos, está a seguinte informação: CMB– [3] TF.

Ou seja: Combustível disponível para aeronaves de motor à reação. Observar o complemento número 3.

SER

Em grandes aeroportos geralmente há hangares e oficinas disponíveis para aqueles que desejam desfrutar de algum tipo de serviço. Esses serviços são representados pela sigla SER, e há cinco tipos deles:

  • S1 – Hangar
  • S2 – Hangar e pequenos reparos em aeronaves
  • S3 – Hangar e pequenos reparos em aeronaves e motores
  • S4 – Hangar e grandes reparos em aeronaves; e pequenos reparos em motores
  • S5 – Hangar e grandes reparos em aeronaves e motores.
Serviços prestados no aeroporto SBGR

Em SBGR, a sigla de serviços está representada por S3.

Interpretando: há hangar e pequenos reparos em aeronaves e motores disponíveis neste aeródromo.

RFFS

O RFFS (Categoria Requerida de Aeródromo) existe para a segurança, salvamento e extinção de incêndio, são obtidos observando o número de movimentos das aeronaves regulares no AD, calculados nos três meses consecutivos de maior movimentação durante todo o ano.

indicação de RFFS no rotaer de sbgr

Já a Categoria de Aeronaves é resultado de uma avaliação do comprimento total e da largura máxima da fuselagem das aeronaves, de acordo com a tabela:

COMPRIMENTO TOTAL DA AERONAVE (m)LARGURA MÁXIMA DA FUSELAGEM (m)CATEGORIA DA AERONAVE
De 0 a 9 exclusive21
De 9 a 12 exclusive22
De 12 a 18 exclusive33
De 18 a 24 exclusive44
De 24 a 28 exclusive45
De 28 a 39 exclusive56
De 39 a 49 exclusive57
De 49 a 61 exclusive78
De 61 a 76 exclusive79
De 76 a 90 exclusive810

MET

Antes de um voo, o piloto em comando precisa fazer um planejamento meteorológico para saber como estará o tempo durante toda a sua rota principal e rota alternativa. Para aeródromos civis, quem presta o serviço meteorológico, e fornece observações e informações é o Centro Meteorológico de Aeródromo (CMA). Já em aeródromos militares, quem presta essas informações é o Centro Meteorológico Militar (CMM).

No ROTAER, é possível localizar esses serviços na sigla MET, que serão identificados por CMA ou CMM, seguidos de números de 1 a 12 que indicam informações e/ou serviços disponíveis. Na informação também aparece o número do telefone do Centro, caso haja necessidades maiores de entrar em contato.

indicação de meteorologia no rotaer de sbgr

Significado de cada número das Informações e serviços meteorológicos disponíveis:

  1. METAR e SPECI.
  2. Previsões de aeródromo (TAF).
  3. Avisos de aeródromo, avisos de cortante do vento; divulgação de condições adversas na área do aeródromo.
  4. SIGMET, AIRMET.
  5. Exposição de Mensagens Meteorológicas.
  6. Documentação meteorológica para voo.
  7. Aprontos Meteorológicos.
  8. Cartas de previsões de tempo significativo (SIG WX PROG), para a camada entre SFC/FL250 e cartas de previsão de ventos e temperaturas altitude (Wind Aloft Prog) para os níveis 850 hPa (FL50), 700 hPa (FL100), 500 hPa (FL180).
  9. Cartas de previsões de tempo significativo (SIG WX PROG) para a camada entre FL250/FL630 cartas de previsões de ventos e temperaturas altitude (Wind Aloft Prog) para os níveis 400 hPa (FL250), 300 hPa (FL300), 250 hPa (FL340) e 200 hPa (FL390).
  10. Atendimento Pessoal a consultas.
  11. Previsão para pouso e decolagem, tipo tendência.
  12. Comunicação Terra – Avião.

AIS

A sala de informações aeronáuticas do aeródromo é representada pela sigla AIS, e tem como característica oferecer o serviço de informação prévia ao voo e receber os planos de voo apresentados antes do acionamento das aeronaves, seja por telefone, internet, ou pelo aplicativo.

Na informação do ROTAER, é informado o telefone para necessidade de apresentar o plano de voo e outras mensagens, porém, isto é possível apenas se a sala for credenciada e se este credenciamento esteja sendo mostrado no campo RMK. Caso contrário, a sala terá apenas funções administrativas.

informações AIS do aeroporto de guarulhos

RMK

Dados sobre pátios, pistas de táxi e pontos de verificação

O campo RMK é onde se encontra informações de observações a mais (porém não menos importantes) sobre obstáculos nas proximidades do aeródromo, regulamentos para tráfego local, dados sobre pátios, pista de taxi, distâncias declaradas, entre outros. Todas elas serão vistas neste tópico.

descrição dos dados sobre patio, pista de taxi e pontos de verificação do rotaer
  • PRKG – Estacionamento
  • NR – Número
  • HEL – Helicóptero
  • AVBL – Disponível, praticável ou disponibilidade, praticabilidade

Para a compreensão deste campo, basta apenas substituir as abreviaturas pelos seus significados que estão disponíveis na AISWEB.

Já que todos os itens seguem o mesmo raciocínio, vamos interpretar apenas A e B:

item A: estacionamento de aeronaves da aviação civil geral somente no pátio número 12 e mediante autorização do centro de controle operacional através dos telefones: (11) 2445-4313 / 4438 ou pelo e-mail: [email protected]. Obrigatório o uso de garfo e permanência máxima no solo de 2 horas.
item B: pátio 12, estacionamento para helicópteros com disponibilidade de 3 posições.

Obstáculo de Aeródromo

O campo Obstáculo de Aeródromo tem como objetivo informar quais são os obstáculos nas proximidades do aeródromo que o piloto deve estar atento durante as operações de pouso, decolagem e sobrevoo. Este é estruturado pelo tipo de obstáculo seguido da informação se há iluminação ou não, coordenadas geográficas e elevação.

  • OBST – Obstáculo
  • LGTD – Iluminado
  • AMSL – Acima do nível médio do mar
  • COORD – Coordenadas geográficas
  • OTP – No topo
descrição do campo obstáculos de aeródromos no rotaer

A imagem acima foi retirada do ROTAER de SBGR. Interpretando as duas primeiras linhas:

a. OBST (TORRE) LGTD COORD 232802.40S/0462634.10W ELEV 30M

tipo de obstáculo: torre
iluminação: sim
coordenadas geográficas: 232802.40S / 0462634.10W
elevação: 30 metros

b. OBST MONTADO (TORRE) LGTD ALT OTP 815M (2674FT) AMSL NAS COORD 232708S/0462855W

tipo de obstáculo: torre que foi montada
iluminação: sim, no topo
elevação: 815 metros ou 2674 pés acima do nível médio do mar
coordenadas geográficas: 23° 27″ 08′ Sul / 046° 28″ 55′ Oeste

Características físicas das pistas

Este campo apresenta instruções sobre o que os pilotos devem fazer antes de ingressarem nas pistas devido a características físicas das mesmas.

  • RWY – Pista
  • TWY – Pista de táxi
  • INT – Interseção
  • CAT – Categoria
  • REQ – Solicitar ou solicitado
  • AVBL – Disponível, praticável ou disponibilidade, praticabilidade
  • WO – Sem
descrição das características físicas das pistas

Interpretação:

a. Aeronaves deverão ajustar pousos e decolagens para menor tempo de ocupação da pista em uso.
b. Aeronaves de categoria A, B e C deverão estar preparadas para decolagem da pista 09 da esquerda a partir da interseção da pista de táxi H, quando solicitado disponibilidade de 3400 metros.
c. Aeronaves de categoria A, B e C deverão estar preparadas para decolagem na pista 27 da direita a partir da interseção da pista de táxi P quando solicitado disponibilidade de 3460 metros.
d. Aeronaves deverão estar preparadas para decolagem sem parada na pista.

Regulamentos para tráfego local

Este campo de Regulamentos para tráfego local como qualquer outro deve ser lido antes de um voo, e tem como objetivo informar as aeronaves sobre regras que devem ser seguidas durante as operações nas localidades daquele aeródromo. Todas as siglas deste são encontradas na página Abreviaturas da AISWEB.

descrição de regulamentos para tráfego local do rotaer

Interpretação:

item A: operação VFR diurna/noturna disponível somente para helicópteros, aeronaves Militares Brasileiras e para aeronaves sem capacidade de RNAV1, quando houver indisponibilidade de auxílio a navegação que inviabilize procedimento de aproximação por instrumentos não RNAV e SID.
item B: proibido voo de treinamento, exceto nos seguintes casos: aeronaves militares sediadas na Base Aérea de São Paulo; Aeronaves realizando treinamento para operação ILS Categoria II, mediante coordenação de autorização dos órgãos de controle de São Paulo.
item C: proibida operação de pouso entre as 08h00 e 14h00 e as 22h00 as 03h00 de aeronaves que não possam manter pelo menos 200kt de velocidade indicada até o fixo de aproximação inicial e 140kt de velocidade indicada até o fixo de aproximação final. Exceto aeronaves militares e aquelas que operam segundo Regulamento Brasiliro de Aviação Civil (RBAC) 121 e 129.
item D: proibia operação de decolagem entre as 08h00-14h00 e as 22h00-03h00 de aeronaves que NÃO possam atingir e manter pelo menos 200kt de velocidade indicada até 05NM da cabeceira oposta ou cruzar 6000FT depois de 05NM da cabeceira oposta. Exceto aeronaves militares e aquelas que operam segundo Regulamento Brasileiro de Aviação Civil (RBAC) 121 e 129.

Informação adicional

A informação adicional é o campo onde o piloto deve estar ciente caso sua aeronave se encaixe com o que está sendo informado, e, assim como o Regulamento para tráfego local, para interpretar basta apenas substituir as siglas pelos seus significados da página de abreviaturas.

descrição de informação adicional do roater

Interpretação dos itens A e B:

a. observar concentração de urubus nos setores de aproximação das pistas 09 e 27.
b. observar concentração de pipas na ATZ (zona de tráfego aéreo), principalmente nos meses de Janeiro, Fevereiro, Julho e Dezembro. Do solo até 1500 pés acima do nível do solo.

Distâncias Declaradas

Um dos primeiros itens a ser planejado para uma operação, é verificar se as pistas dos locais de pouso e decolagem são adequadas em seu comprimento e largura. Em aeroportos internacionais, as pistas têm grandes dimensões para que seja possível a operação de grandes aeronaves. Para isso, foram definidas as distâncias para pouso e decolagem para uma utilização adequada da pista, são elas:

  • LDA – Distância disponível para pouso
  • TORA – Distância para corrida de decolagem
  • ASDA – Distância disponível para parada na Decolagem
  • TODA – Distância disponível para decolagem
tabela com a informação das distancias declaradas de SBGR

No ROTAER, na tabela contém a numeração da pista, seguido de sua TORA, TODA, ASDA e LDA; altitude geoidal e as coordenadas. Todas as distâncias são dadas em metros.

Interpretação:

pista: 09 da esquerda
TORA: 3700 metros
TODA: 3700 metros
ASDA: 3760 metros
LDA: 3610 metros
altitude geodial: -2.33 metros
coordenadas: S 23 26 03 / W 046 28 57

COMPL

Para que a padronização do corpo do ROTAER seja mantida, coloca-se números entre colchetes significando que há complemento de dados do texto em outro campo. A siga COMPL significa Complementos, e é neste local que se encontram essas informações adicionais. Em SBGR as informações complementares foram:

[1] MEHT: 1-RWY 09L – 57FT 2-RWY 27R – 61,48FT 3-RWY 09R – 63FT 4-RWY 27L – 71FT
[2] EMERG.
[3] Disponível no pátio do ETA-4.
[4] Proibido apresentar PVS via radiotelefonia ACFT DEP SBGR.
[5] OPR com lâmpadas LED.
[6] DCL.
[7] D-ATIS
[8] VOR/DME U/S BTN RDL 098
[9] Aceita PLN e suas atualizações por TEL/CMA: (11) 2445-2179 ou 2445-3205; TEL PLN: (11) 2445-3185; (11) 2445-3212.
  • MEHT – Altura mínima dos olhos (do piloto) sobre a cabeceira (para sistemas indicadores de trajetória de aproximação visual)
  • ETA – Hora estimada de chegada ou estimada a chegada)
  • PVS – Plano de voo simplificado

TEMP

Quando um Aeródromo ou Heliponto sofre alguma alteração temporária, aquilo precisa ser informado pelo órgão responsável algum tempo depois no ROTAER aos aeronavegantes. Estas ficarão disponíveis no campo TEMP, que tem como objetivo informar as atualizações temporárias de um aeródromo em tempo real. Sua estrutura é formada por:

  • Identificador:
    • modificação: é usado quando se altera algum dado do aeródromo, mas que não seja prejudicial as operações do mesmo.
    • restrição: usado quando há alteração em algum dado do aeródromo que diminui sua capacidade de operação.
    • fechamento: usa se quando ocorre o fechamento do aeródromo.
    • correção: usa se quando há alguma correção no aeródromo.
  • Validade: ocorre no formato Data/hora de início e Data/hora de término.
  • Texto: neste campo há a descrição da atualização que foi feita no AD.